quarta-feira, 29 de outubro de 2014

5ª Postagem: Duplo Órgão

     O caso que iremos trabalhar nessa semana ocorreu na Iugoslávia:
 "Segundo informações da agência de notícias da EFE de outubro de 2001, uma muçulmana da     República de Montenegro foi ao médico pela primeira vez aos 55 anos porque sentia uma dor. Chegando lá, descobriu que tinha dois corações. Ela disse que isso explicava sua fama de ser a mulher que menos se cansava na aldeia onde vive"
   É importante, antes de tudo, dizer que o Blog Bioquímica Histórica aconselha seus leitores a realizarem exames rotineiros para garantir a saúde e evitar que patologias possam desenvolver-se, dificultando o tratamento das mesmas.
"Os médicos me disseram que, devido ao fato de ter dois corações, posso viver mais que outras pessoas, mas eu não quero viver mais que o necessário. Prefiro que os dois corações parem ao mesmo tempo, quando eu já estiver velha e não conseguir mais me manter sozinha", afirmou Nuria Zekovic, detentora de dois corações.
   É importante, também, citar que esse caso é raro, mas não único. Existem outros casos que assemelham-se ao de Nuria, como o caso de uma criança que teve parada de um de seus corações, mas que continua saudável.
   Fazendo uma análise do caso, é importante fazermos um estudo sobre o coração. Sua principal função está no bombeamento do sangue por todo o corpo e, dessa forma, nutrir os tecidos. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que haja uma circulação, também, coronária (responsável por levar o sangue para nutrir o coração).


   As principais formas de obtenção de energia por esse órgão são os carboidratos e os ácidos graxos, sendo que os estados em que o coração mais necessita de energia são o pós-prandial( após o almoço) e o de jejum, sendo que o período de jejum utiliza os ácidos graxos como forma de energia para a realização do metabolismo oxidativo, havendo uma grande concentração destes no sangue. Durante esse evento, ocorre inibição da oxidação da glicose, sendo esta utilizada para produzir glicogênio em um efeito conhecido como "efeito econômico da oxidação do ácido graxo", ocorrendo, também, diminuição da presença de insulina no sangue.


   O processo inverso também ocorre. Nessa fase, em que temos níveis altos de glicose e insulina no sangue, os níveis de ácidos graxos circulantes são suprimidos, havendo supressão diretamente da glicólise no mecanismo de oxidação de ácidos graxos.

   Nessas figuras à esquerda, podemos perceber na primeira figura o metabolismo oxidativo de ácidos graxos e na segunda figura o controle de insulina sobre a absorção da glicose pelo coração.
   É importante, também, analisarmos o caso de intensos exercícios físicos prolongados. Nesse caso, o nível de lactato eleva-se e este se torna o principal combustível do coração, enquanto a oxidação da glicose e a captação de ácidos graxos contribuem, no máximo, em 20 por cento na energia necessária pelo coração. O lactato é absorvido pelo coração aeróbico e produzido durante a anaerobiose; então sua liberação no seio coronário pode ser um indicativo de isquemia do miocárdio. Uma vez absorvido, por processos específicos, o lactato é convertido em lactato desidrogenase.
   A captação de glicose pelas células cardíacas ocorre controlada pelas transportadoras de glicose GLUT 4 e GLUT 1 por um processo que não requer energia. No caso de maior trabalho cardíaco, há um aumento no uso dos transportadores junto com a maior liberação de insulina que liga-se aos transportadores. Em casos de resistência à insulina, esta que ocorre em diversas doenças, temos um transporte de glicose prejudicados mesmo com níveis de insulina aparentemente normais ou altos.
    Nesse ponto, percebemos que a existência de dois corações pode levar a uma maior necessidade de nutrientes que possam nutrir o órgão extra. Ao mesmo tempo, a aceleração do metabolismo causado por essa realidade acarreta em uma aceleração do metabolismo pela maior velocidade com que o sangue chega aos tecidos; portanto, os outros órgãos conseguem trabalhar com uma velocidade acima da considerada normal, mas sem chegar ao ponto de desgaste físico, pois essa não é uma condição de homeostase para nosso corpo.

Fonte:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA6B4AF/bioquimica-dos-sistemascardiovascular-respiratorio?part=2
https://groups.yahoo.com/neo/groups/Genismo/conversations/topics/807

8 comentários:

  1. O fato que mais chama atenção nesse caso é a condição de saúde de Nuria Zekovic. Quando um órgão se desenvolve mais que outros, de forma descompassada, ou em casos extremos, quando temos uma “quantidade” maior de órgãos (no caso, corações), é justificável que alguma função fisiológica seja prejudicada, o que, aparentemente, não ocorreu com a mulher citada. A cavidade torácica é completamente preenchida pelos pulmões (nas laterais) e pelos coração, grandes vasos e grandes nervos (no mediastino central), em conformações muito exatas para que toda a homeostasia do local (e consequentemente do organismo todo) se efetue. Como temos dois corações em uma mesma pessoa, é válido afirma que um dos pulmões, por exemplo, tenha sofrido alguma má formação, o que prejudicaria a respiração e o transporte de gases para os tecidos. A capacidade do pulmão de aumentar de volume e permitir a troca do CO2 pelo O2 nos alvéolos pulmonares ficaria prejudicada, e o metabolismo básico, o que envolve basicamente metabolização de carboidratos, proteínas lipídeos (oxidação dessa última biomolécula ocorre obrigatoriamente na presença de gás oxigênio), também se desfalca. Todavia, isso não aconteceu de forma significativa em Nuria Zekovic. O contexto e a forma de vida dela pode justificar um pouco isso.
    Fontes: Aulas de bioquímica básica com o professor Osmar
    Aulas de Anatomia Visceral com a professora Carla e o professor Anselmo

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  2. Além desse caso em que a pessoa nasce com dois corações, uma pessoa que antes tinha apenas um pode também passar a ter dois devido a transplantes nos quais a retirada do primeiro representa risco de morte para o paciente. Esse é o tipo de transplante heterotópico do coração, que é feito para que os dois corações trabalhem em conjunto, no caso da impossibilidade de retirada do coração do paciente para colocar o novo. O novo coração é posicionado no lado direito do coração do próprio paciente. Os átrios esquerdos do doador e do destinatário são cirurgicamente ligados uns aos outros, permitindo que o sangue oxigenado do coração original do paciente flua para o órgão transplantado. Em seguida, esse sangue é então bombeado pelo novo ventrículo esquerdo para a aorta do paciente, que fornece um fluxo mais forte para todas as partes do corpo.

    Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/15421/ciencia-e-tecnologia/apos-transplante-raro-californiano-passa-a-ter-dois-coracoes

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  3. A duplicidade de órgãos na maioria das vezes gera muitos problemas para o acometido. Por exemplo, a Difalia ou Duplicação Peniana é uma condição em que o homem nasce com dois pênis. Nestes casos, apenas um ou ambos membros podem ser totalmente funcionais. É uma condição rara com apenas mil casos registrados. Nos EUA, um em cada 5,5 milhões de homens tem dois pênis. O primeiro caso de Difalia publicado foi o de Johannes Jacob Wecker em 1609. Acredita-se que a anormalidade ocorra no feto entre o 23º e o 25º dia de gestação. A difalia é geralmente acompanhada por outras anomalias congênitas. É comum que o paciente apresente algum problema renal, vertebral, no intestino grosso ou anorretal. Há também o risco de espinha bífida. Os recém-nascidos com duplicação peniana - e suas condições relacionadas têm uma maior taxa de morte devido as várias infecções associadas ao seu sistema renal e colorretal. Da mesma forma, a presença de dois corações também pode estar relacionada a outros problemas genéticos. https://www.facebook.com/laaufu/posts/565562286855003

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  4. Ambos os corações possuem uma frequência sintonizada. Esta frequência é determinada pela ordem enviada pelo sistema nervoso. As fibras musculares do coração são muito específicas, pois têm uma membrana capaz de modificar a sua permeabilidade consoante os diferentes íons, ou seja, as moléculas carregadas eletricamente, como o sódio (Na+), o potássio (K+) ou o cálcio (Ca++). Devido à progressiva concentração destas partículas nos dois lados da membrana (polarização), produz-se uma diferença da carga eléctrica entre o interior e o exterior da célula (potencial da membrana). Quando essa diferença alcança um determinado limiar é desencadeada uma verdadeira corrente eléctrica (potencial de ação), que avança ao longo de toda a fibra muscular, determinando a sua contração, a qual se propaga inclusivamente às fibras adjacentes. Após o cessar do impulso elétrico, o potencial da membrana regressa ao seu nível anterior (repolarização) e a fibra relaxa-se, ficando à espera de um novo estímulo que provoque a contração seguinte.

    Referências:
    http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=97

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  5. A técnica citada na postagem, bastante curiosa, é chamada de transplante heterotópico. Nela o coração do doador é implantado sobre o órgão nativo com a finalidade de ajudar o bombeamento do sangue. Concluída a operação, o paciente terá dois corações: o seu doente e o do doador saudável. Essa técnica é utilizada em situações em que o coração danificado não pode ser removido, por exemplo, quando a pressão do sangue nas artérias dos pulmões é anormalmente elevada e não mostra tendência de queda aos níveis normais. Nesse caso, o transplante convencional (ortotópico) não terá sucesso, pois o coração do doador não está preparado para enfrentar essa pressão elevada. É interessante considerarmos que após implantado, o coração é denervado, não tendo conexão com o sistema nervoso do organismo. Isso acontece porque o cirurgião que realiza o transplante não tem condições de fazer essas conexões nervosas que são de dimensão microscópica.
    fonte:http://emedix.uol.com.br/doe/car003_1f_transplantecor.php

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  6. Interessante que o coração parece ter um mecanismo auto-regulatório parcialmente de sua contração, devido ao chamado Complexo Estimulante do coração. No interior do coração, existem células musculares cardíacas especializadas que geram impulsos elétricos que determinam a contração cardíaca. Existem ainda outras células cardíacas especializadas na condução do impulso elétrico através do músculo cardíaco. Esse sistema condutor organiza e coordena todos os batimentos cardíacos, produzindo uma ação de bombeamento do sangue muito eficiente, que possibilitará a chegada deste sangue a todas as partes do corpo.
    Fonte:http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/30306/complexo-estimulante-do-coracao#ixzz3HwyGLElI

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  7. Pesquisando sobre o tema na internet, encontrei um caso tão interessante quanto o de Núria: um homem que sobreviveu a um duplo ataque cardíaco, ou seja, um ataque cardíaco em seus dois corações. Em 2010, um italiano de 71 anos surpreendeu a equipe médica de um hospital de Verona ao dar entrada na unidade de saúde com dificuldade de respirar, suor e pressão arterial baixa. anos antes, o homem passara por um procedimento chamado transplante heterotópico de coração. Ou seja, implantou um coração "por cima" do coração doente para ajudar no bombeamento do sangue, como citou o Acássio em seu comentário. Acontece que os dois corações podem bater em ritmos diferentes, causando problemas como o do italiano de 71 anos, que parou de respirar já no hospital. Os médicos, então, trocaram o marcapasso e o homem continuou vivendo normalmente.
    Referência: http://noticias.uol.com.br/tabloide/ultimas-noticias/tabloideanas/2012/01/20/emocionante-homem-com-dois-coracoes-sobrevive-a-duplo-ataque-cardiaco.htm

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  8. Em células cardíacas embrionárias, pequenos aglomerados celulares têm contração própria, mas quando postos em proximidade uns com os outros a mais rápida é que define a frequência do sistema. Em raciocícino análogo, poderia-se desenvolver um sistema para compassar os dois corações, caso seu descompasso gerasse problemas de algum modo.
    Fonte: Moore (livro de embriologia)

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