Nessa proxima postagem, iremos dar continuidade ao tema apresentado na semana passado com uma ênfase em um dos motivos que, na atualidade, tem feito grande parte da população procurar um médico devido às consequências fisiológicas do problema: o estresse.
Antes de tudo, é importante lembrarmos que o mecanismo do estresse tem sua função no nosso organismo. O estresse, antes de tudo, é responsável por ativar o Sistema Nervoso Autônomo Simpático através da liberação de mediadores químicos( entre eles, a adrenalina) que resulta em alterações fisiológicas( midríase, vasodilatação, diminuição dos peristaltismos) capazes de nos auxiliar em momentos de fuga ou luta. Como pode ser constatado, a manifestação do estresse teve grande importância no passado histórico de nossa espécie e ocasionou em nossa sobrevivência; porém o estresse do mundo moderno é bem diferente do que existia no passado.
Nessa questão, devemos entender a principal diferença entre os dois tipos de estresse. No caso atual, o estresse costuma manifestar-se através de ações desagradáveis, como engarrafamentos e pressões psicológicas. Tal fato leva a um aumento no estresse, mas de forma pequena e gradual, bem diferente dos tempos antigos em que a resposta de estresse era bem maior através da liberação de mediadores químicos m maior quantidade. No entanto, esse aumento discreto e constante nos níveis de estresse vão ocasionando em respostas indesejáveis pelo corpo.
De certa forma, isso auxilia na explicação de que o estresse não é considerado como uma doença patológica. Mais ainda, de acordo com o dicionário Aurélio, essa palavra significa " conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica e outras capazes de perturbar a homeostasia"
Através da imagem abaixo, entenderemos mais sobre os efeitos do estresse no nosso corpo:
Essas alterações costumam ocorrer em casos de pacientes que passam por momentos de estresse constante ou por um de grande estresse. Isso se torna perceptível nos casos de estudantes que possuem provas importantes ou de adultos com rotinas massacrantes e exageradas.
O estresse também pode ser um indicativo de mudança. Essa, tais como a programação de uma viagem ou a chegada de um filho, serve para indicar que estaremos alterando nossa rotina e representa uma forma de "proteção" que o corpo encontra contra uma situação que altera aquilo que já está "acostumado" pelo organismo.
No entanto, o estresse também possui sua finalidade no tempo atual. Ele serve como uma prova de que algo está errado. Retirando o último caso tratado, por motivos óbvios, o aumento do estresse ao ponto de ocasionar respostas fisiológicas negativas serve como uma forma do organismo indicar problemas no equilíbrio. Dessa forma, em casos de pacientes com estresse exagerado, mudanças são necessárias em seu cotidiano.
Existe também o chamado Estresse Pós-Traumático( este já classificado como uma doença) muito comum em soldados. Nesse caso, temos a divisão em três grupos: a reexperiência traumática, a esquiva e distanciamento emocional e a hiperexcitabilidade psíquica. A reexperiência traumática caracteriza-se pela capacidade do indivíduo reviver o ocorrido ao invés de aceitá-lo como passado, sendo os menores estímulos capazes de reavivar a situação e causar emoções negativas. A esquiva e o distanciamento emocional surgem como uma forma do paciente fugir daquele sentimento de gande ansiedade e de sofrimento de sua experiência, muitas vezes acompanhada por estímulos externos( álcool, drogas, sexo) que procurem causar conforto e amnésia seletiva. A hiperexcitabilidade psíquica é a mais próxima do estresse comum, resultando em respostas fisiológicas para o acontecido.
Nesse caso de estresse pós-traumático, os casos clínicos mais conhecidos são os de ex-militares, principalmente os dos Estados Unidos. Tais casos apontam as experiências da guerra como fato desencadeador do problema, resultando em muitos destes pacientes com aspectos de anti-sociabilidade, depressão ou, até mesmo, loucura após retorna da guerra.
Referências:
http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/estresse/
http://www.cerebromente.org.br/n03/doencas/stress.htm#provoca
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23n4/7170.pdf
O transtorno do estresse pós-traumático, apesar de sua importância ter sido reconhecida recentemente, é uma doença que atinge um contingente populacional considerável, uma vez que afeta 7,8% da população geral, distribuídos em 5,0% dos homens e 10,4% das mulheres. Grande parte das pesquisas relacionadas se explica pelo fato de essa doença ser de difícil identificação, pois não existem exames que possam diagnosticar definitivamente o TEPT, apesar de o médico poder realizar exames de saúde mental, exames físicos e exames sanguíneos para procurar por doenças semelhantes. Uma anamnese dirigida se faz necessária. O tratamento é difícil e, muitas vezes, o TEPT pode estar relacionado a outras questões, como o alcoolismo, depressão, dentre outros problemas, o que torna seu diagnóstico precoce algo ainda mais importante, pois o tratamento pode reduzir os índices de abuso de drogas e de depressão, índices esses que tem tomado crescimentos exponenciais na era contemporânea.
ResponderExcluirFontes: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23n4/7170.pdf
Excluirhttp://www.minhavida.com.br/saude/temas/transtorno-do-estresse-pos-traumatico
O estresse causa hiper função do eixo simpático-adrenal em conjunto com uma redução da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) em pacientes com estresse pós-traumático (TEPT). Uma resposta prejudicada do cortisol aos estressores parece estar associada com um aumento da vulnerabilidade do desenvolvimento do TEPT. O excesso de catecolaminas, sem o pareamento do aumento dos corticoides promoveria uma consolidação excessiva das memórias traumáticas e a indevida generalização para outras situações estressantes.
ResponderExcluirReferências:
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25s1/a06v25s1.pdf
É interessante se dizer que o estresse não acontece da noite para o dia. Ele é crescente e cresce nas coisas simples do dia a dia, que muitas vezes nem precisam de estresse para serem resolvidas. É importante também que os médicos tenham em mente que o estresse é sim uma síndrome importante. Não é raro a pessoa procurar um médico, ser examinada, fazer exames e ouvir: “Isso não é nada. É só emocional”. Ora, se é emocional, é alguma coisa. Não é sensato esperar que as doenças se instalem (hipertensão, lesões nas coronárias, hipertrofia cardíaca) para tomar uma providência. Se existe um fator emocional que está desencadeando o desconforto, ele precisa ser valorizado. Nesses momentos, é sempre bom perguntar o que pode estar favorecendo o aparecimento dos sintomas.
ResponderExcluirInteressante o texto ressaltar que no estresse atual aumenta de forma pequena e gradual, enquanto que nos tempos antigos a resposta a situações estressantes era bem maior, através da liberação de mediadores químicos em maior quantidade. Eu acreditava que fosse o contrário. É importante ressaltar que existem diversas condições clínicas relacionadas ou diretamente geradas pelo estresse. A Síndrome de Bornout, por exemplo, é citada como das consequências do estresse profissional. Esse tipo de estresse gera cansaço físico e emocional e pode gerar um comportamento agressivo e irritadiço por parte dos portadores. De acordo com especialistas, o burnout seria fruto da relação entre as características particulares do paciente com as condições do ambiente ou do trabalho, o qual geraria excessivos e prolongados momentos de estresse no trabalho.
ResponderExcluirReferência: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=70
Interessante adicionar que o estresse é uma defesa natural do corpo. As pessoas tendem a esquecer isso e associar sempre o estresse a uma condição negativa. O estresse é o modo de desencadear uma série de reações que preparam o organismo para uma situação de perigo: dilatação da pupila para aumentar a acuidade visual, taquicardia para bombear mais oxigênio para os músculos, etc. Entretanto, se fala hoje de uma condição crônica de cansaço e repetição de problemas, que leva a um deterioramento lento das funções vitais. É preciso, claro, dar a atenção devida aos problemas que surgirem, mas sem deixar que isso vire uma constância.
ResponderExcluirFonte: http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/estresse/
Um grande problema de nossa sociedade é que muitas vezes somos obrigados a esconder o estresse dentro de nós, por vários motivos: vergonha, necessidade de adaptação social e até mesmo para sobreviver (por exemplo no caso de uma pessoa abordada por um bandido: o sistema nervoso autônomo simpático do organismo dela desencadeia uma série de reações de estresse para que ela possa fugir ou correr dessa situação [to fight or to flight], mas ela não vai poder fazer nenhum dos dois, o que acaba agravando o estresse). Nesse sentido, é importante lembrar que, no sistema límbico, a expressão das emoções geralmente não corresponde ao processamento das mesmas (por exemplo um bom ator consegue fingir os sentimentos sem senti-los de verdade), logo é importante que nós como futuros médico saibamos diferenciar um paciente quando ele está escondendo um sintoma ou não, daí destaca-se a importância do mínimo conhecimento de psicologia na sociedade atual.
ResponderExcluirÉ importante citar as consequências bioquímicas do estresse no organismo. Assim como foi dito, o estresse é uma reação que tinha como função principal a defesa do organismo, pois durante o estímulo desencadeador dele há liberação de lipídeos, por exemplo, na corrente sanguínea o que vai aumentar a taxa momentânea de colesterol e de triglicérides circulantes. Sucessivos episódios de estresse corresponderia fisiologicamente a sucessivas ingestões de muita comida gordurosa, o que irá no futuro provocar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como foi explanado tanto na postagem como nos comentários acima.
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